quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Cafezinho e o Strees

No cafézinho


Enquanto isto, na sala do cafezinho
A sala do cafezinho de qualquer empresa costuma ser um espaço de desabafos mais do que de convivência.De queixas mais do que de partilha.O vilão: o estresse. Um estresse com várias faces: a do gestor, a do cliente; da implacável meta e seus prazos; do corpo cansado; das poucas horas de sono; da cabeça que roda e outras, muitas outras. Mas o que é estresse afinal? É um conjunto de reações do organismo a qualquer agressão de origem externa ou interna.
Costuma ocorrer quando o organismo é exigido além de suja capacidade normal e afeta o indivíduo, sua família, amigos, seu grupo social e, é claro, o local em que trabalha, sob a forma de estresse organizacional. Estresse é, então, uma designação geral para um conjunto de reações do organismo a qualquer ameaça percebida. Pode ser resultante tanto de agressões físicas, como psíquicas, infecciosas. Seja qual for sua gênese, o Ser a todas percebe como reais. Seus sintomas vão das recorrentes enxaquecas, dores no corpo, insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, perda de memória, distúrbios de alimentação até, em casos mais graves, à depressão e sentimento de culpa.
Em pequenas doses, controlado, o estresse é benigno, aliado. Nos torna mais criativos, alertas. Mas quando as atividades diárias deixam de ser agradáveis e a irritabilidade se torna constante devido à incapacidade de eliminar as substâncias químicas lançadas na corrente sanguínea quando do acionamento da bomba ataque /fuga, o estresse se torna inimigo voraz. Para o profissional contemporâneo que interage em várias frentes (a própria instituição, clientes, a comunidade em que vive, colegas de trabalho, e, claro, a família, a questão torna-se a cada dia mais e mais crucial.
Perguntando a amigos que habitam o severo mundo corporativo o que os deixam estressados, recebi as seguintes respostas: pouca oportunidade de convívio com outros profissionais; a indiferença dos gestores; o nível desenfreado de competitividade ; o desinteresse dos colegas de equipe pelo seu próprio processo de crescimento; a falta de idealismo. Claro está que existem outros motivos, mas estes foram os campeões.
Como lidar com esta dor que nos rói nem sempre vagarosamente? Não temos poder sobre o ambiente,mas temos, sempre a possibilidade de escolher como vamos reagir a seus estímulos. O grande João Guimarães Rosa alerta pelo verbo doído de Riobaldo: “Viver é muito perigoso”. Cada vez mais esta afirmação se mostra verdadeira. Viver em época de poucas ou nenhumas certezas, de velocidade estonteante, sem parâmetros, sem mapa, sem guia é, de fato, grande desafio para qualquer vivente. Para aqueles de nós que, além de viver, ainda tem como ofício gerir pessoas, então, a tarefa se torna, muitas vezes, dolorosa. Além disso, quem se deixa permanecer em estado crônico de estresse tem muito chance de apresentar comportamento destrutivo, que leva a um alto custo, não só para si mesmo como indivíduo, como para o ambiente corporativo em que esteja. Este quadro leva inexoravelmente à baixa qualidade de serviço, ao aumento de reclamações, à diminuição do entusiasmo, à monotonia, aos maus resultados. Os efeitos no ambiente da empresa são dramáticos: má reputação; má imagem institucional; troca constante de pessoal, o que é extremamente oneroso.
Quanto ao indivíduo, o estado permanente de estresse, além dos efeitos sobre sua saúde física, pode levar à diminuição da capacidade de tomar decisões com clareza; variações de humor e comportamento instável que afastam as pessoas, o que pode levar ao estabelecimento de um ciclo permanentemente alimentado de destruição da autoconfiança e da capacidade de comunicar-se com o outro.
O estresse pode ser fatal. Entretanto, sob o comando de nossa vontade, podemos tomar atitudes que nos levem a manter o nível de estresse, digamos, administrável. Antes que sua alma se parta por inteiro, experimente:
1- notar seus sinais de alerta e agir a partir deles;
2- falar sobre as situações que sejam estressantes para você. Encare-as de frente. Não faça de conta que não existem;
3- criar o hábito de fazer breves caminhadas. Além dos benefícios físicos, ajuda a buscar suas respostas;
4- estabelecer horários de trabalho e crie espaço e tempo de lazer e de convivência;
5- aprender a delegar tarefas;
6- cultivar um passatempo;
7- evitar estimulantes como açúcar, álcool, nicotina. A longo prazo potencializam o estresse;
8- descobrir pessoas afins e trabalhe e conviva com elas. Elabore projetos comuns;
9- aprender a falar sobre suas emoções e sentimentos;
10- buscar alimentar-se de forma saudável. Alimentos refinados, conservas, aditivos químicos sobrecarregam seu corpo;
11- criar à sua volta um ambiente aprazível; ponha beleza em seu local de trabalho; busque luz e cor;
12- dedicar alguma parte de seu tempo para si mesmo para fazer coisas que lhe tragam prazer;
13- estabelecer objetivos realistas e poupe-se de lutar contra prazos impossíveis;
14- evitar expressar opiniões negativas sobre si mesmo e sobre o outro. Pense e fale de forma positiva ;
15- viver.Não deixe que seus dias passem em branco.
Se “Viver é muito perigoso” é também muito estimulante.É preciso apenas ir além do “rio de corredeiras” que os obstáculos figuram; é preciso reaprender a lidar com as incoerências, a falta de lógica, os paradoxos, a intuição, a ter a consciência que os problemas só são insolúveis na superfície. É preciso reconhecer como Doroty em O Mágico de Oz que não estamos mais no Kansas, no mundo conhecido, confortável. Mas, que se decidirmos, podemos transforma-lo em lugar bom de se viver.

Ana Lúcia de Mattos Santa Isabel

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