Bom dia a todos,
GESTÃO HOSPITALAR E O DESAFIO DA LIDERANÇA - PARTE 1
Muitos de nós sempre nos perguntamos a respeito dos motivos que levam uma pessoa a se candidatar à presidência ou à direção de uma entidade filantrópica. Principalmente agora, diante do rigor do atual código civil, onde, constatada improbidade, ingerência, incapacidade gerencial, geração de prejuízos e outros motivos – justos ou não -, o gestor é obrigado a responder em juízo e, não raro, tem seu patrimônio pessoal comprometido no sentido de reparar algum prejuízo imposto à instituição.
Estamos falando aqui sobre Motivação, ou seja, MOTIVO que leva à AÇÃO. Cada um de nós tem seus motivos. Cada um de nós tem seu potencial, suas aptidões, bem como as limitações.
Fazendo uma longa viagem no tempo, vemos que o modelo de atenção à saúde, especialmente na Grécia e Egito antigos, que adquiriram o hábito de registrar, de alguma forma, a evolução da “medicina”, era pautado apenas na “medicina” curativa. Acreditava-se na utilização de língua de serpentes para cicatrizar úlceras, os médicos egípcios foram os primeiros a utilizar drogas e a realizar cirurgias, pedra hume, pimenta, hortelã, ópio, óleos. Vemos também a criação dos primeiros “hospitais” surgindo próximos ou dentro de templos, uma vez que se acreditava que tanto o sofrimento quanto a cura eram atribuídos ao merecimento, sobretudo, ao fato de os religiosos serem vistos como pessoas mais próximas ao “divino”.
Bem, o tempo foi passando e a ciência e a razão foram ocupando o espaço das crendices.
Assim, muita coisa mudou, mas as pessoas continuam a ser o principal diferencial das organizações. Mesmo com a ampla disseminação das tecnologias e com as inúmeras possibilidades de obtenção de linhas de crédito e de financiamento – possibilitando a aquisição de tomógrafos, ressonâncias e de outros tantos equipamentos – as pessoas ainda são o diferencial.
Especificamente na área da saúde; talvez um dos últimos segmentos do mercado a perceber a necessidade de capacitação para a obtenção de resultados positivos, faz-se necessária a conscientização da alta direção quanto à importância da qualidade dos Líderes. Segundo Warren Bennis, “liderança é como a beleza; difícil de definir, mas fácil de reconhecer”. Outros autores afirmam que liderança é a capacidade de exercer influência sobre indivíduos e grupos, ou ainda, obter o consentimento do grupo em ser liderado por determinada pessoa.
Assim, antes de abordar alguns conceitos sobre liderança, quero lhes fazer duas indagações básicas. Fechem os olhos e façam a vocês mesmos apenas duas perguntas:
1ª) É aqui mesmo que eu deveria estar?
2ª) O que mais importa para mim hoje?
Uma vez respondidas as duas perguntas acima e concluído, por você, que está no lugar certo, faço agora a seguinte provocação:
Diante do que respondeu ser o mais importante para você, agora, pergunto:
- suas ações/atitudes estão condizentes com o que você estabeleceu como o mais importante nesse momento???
Analise suas respostas e veja se está no lugar certo e se está fazendo a coisa certa...
Diante da viagem que fizemos no tempo e chegando ao ambiente globalizado e competitivo em que estamos inseridos, mais do que nunca precisamos de Líderes para levar as entidades a garantir, não só, o equilíbrio econômico-financeiro, mas a assegurar a perenidade do negócio.
Desta forma, não basta que tenhamos apenas um grande líder pensando na estratégia da entidade. Temos que formar, desenvolver e reter, em nossas empresas, pessoas capazes de conduzir equipes, colocando em prática o que foi planejado pela alta direção.
Essas pessoas não podem ter apenas o carisma necessário. Devem pautar seu trabalho, sobretudo, no uso da inteligência e das evidências, buscando maneiras diferentes de fazer as mesmas coisas. Só assim, obteremos resultados diferentes. Os líderes devem estar sempre perguntando aos liderados porque eles fazem as coisas daquela maneira. Normalmente as respostas são:
- porque sempre foi feito assim...
- porque meu chefe falou que é assim...
- porque aprendi assim...
Ao provocar as pessoas desta forma, o líder as estimula a pensar criticamente sobre os seus processos de produção, sobre novas maneiras de desenvolver seu trabalho. Para tanto, precisará de conhecimento para participar da execução das tarefas. Afinal, as respostas existem, mas só com o conhecimento é que podemos fazer as perguntas certas. Não quero dizer, com isso, que o líder da entidade deverá conhecer as minúcias do processo de higienização da roupa, do processamento da alimentação ou do faturamento. Penso que ele deve conhecer estes processos, bem como as interfaces destes com os demais setores da complexa instituição hospitalar. Agindo assim, ele estará desenvolvendo uma visão sistêmica da entidade e, ao mesmo tempo, dando o exemplo da importância de os líderes terem esse padrão de visão da organização. Afinal, um bom administrador hospitalar, além de ser dotado de um aguçado espírito de liderança, deve, sobretudo, ser um especialista em generalidades.
Bem, vejamos alguns atributos necessários a um bom líder:
- Gostar de gente
- Ético
- Energizado
- Humanizado
- Conhecimento
- Visão Sistêmica
- Habilidade
- Atitude
- Motivador
- Prazer em Ensinar
- Visão Estratégica
- Vontade de Aprender
- Futurista
- Gosto pelo trabalho em Equipe
- Flexibilidade
- Capacidade de assumir riscos
- Persistência
Esses atributos, diante do cenário globalizado em que estão inseridas as organizações – sejam elas com finalidade lucrativa ou não, são fundamentais para a obtenção de resultados positivos. A alta direção também precisa ter estes atributos, ou parte deles, e se preocupar na formação e no desenvolvimento de novas lideranças. Este é um dos segredos para se garantir a perenidade do negócio. Em outras palavras, o verdadeiro líder tem como principal objetivo a formação de novos líderes. Isso reflete a preocupação da alta direção com o processo sucessório. Só assim, poderemos garantir a perpetuação da entidade, mediante a constante atualização face às mudanças impostas pelos cenários interno e, principalmente, o externo.
Além disso, uma das preocupações da alta direção, diante de um mercado altamente competitivo - onde sobreviverão apenas os mais qualificados - deve ser a criação de uma Vantagem Competitiva, ou seja, algo que nossa entidade tem e que é difícil de ser imitado, garantindo assim, uma vantagem em relação às outras empresas.
Diante disso, faço uma outra provocação:
- qual é a Vantagem Competitiva da sua instituição?
Para ajudá-los a responder à pergunta acima, apresento uma definição de Vantagem Competitiva:
“Capacidade da organização para realizar eficientemente um conjunto de atividades, para obter um custo mais baixo do que o dos concorrentes, ou de organizar essas atividades de uma forma única, capaz de gerar um valor diferenciado para os compradores”.
Para finalizar esta primeira parte, vamos listar agora, os 11 erros considerados imperdoáveis para um Líder:
1. Ter medo de gente excelente
2. Não participar da execução das tarefas
3. Ser resistente às mudanças
4. Não olhar para o futuro
5. Não entender que resultado é dinheiro no caixa
6. Não priorizar um bom processo de comunicação
7. Não buscar atualização dos conhecimentos
8. Voltar os olhos somente para dentro da entidade
9. Ter atitudes e posturas diferentes daquelas que prega
10. Não se preocupar em manter um bom clima organizacional
11. Falta de foco
Bem, falamos até aqui sobre a importância da Liderança e o papel a ser desenvolvido pelos líderes da nossa organização. Na segunda parte, abordaremos alguns conceitos de liderança e o Papel do Líder enquanto Agente Ativo do Processo de Mudança.
Deixo aqui duas outras provocações. Essas sim, dizem respeito às mudanças em nossa empresa:
- o que ainda fazemos na nossa empresa, mas se deixássemos de fazer hoje, faria uma grande diferença?
- o que ainda não fazemos na nossa empresa, mas se passássemos a fazer, a partir de hoje, faria uma grande diferença?
Grande abraço e boas reflexões.
Marcelo Augusto Nascimento é Administrador Hospitalar, graduado em serviço social, pós graduado em Pedagogia Empresarial e MBA em Gestão de Negócios. Atua há 19 anos à frente de organizações de saúde, possuindo significativa vivência nos diversos processos internos das organizações hospitalares, especialmente, no processo de faturamento, relacionamento com operadoras e corpo clínico. Ministra seminários sobre Liderança e Desenvolvimento Gerencial e Gestão da Mudança.
Muito interessante e verdadeiro o artigo. As empresas ligas à saúde devem mesmo investir no desenvolvimento de suas lideranças. Só assim conseguirão passar o bastão para as próximas gerações, garantindo assim a perpetuidade da empresa.
ResponderExcluirRicardo Administrador