terça-feira, 28 de setembro de 2010

Crescimento na venda de Planos de Saúde

Crescimento na venda de Planos de Saúde
Oportunidade ou Ameaça para os Prestadores de Serviço?

Sáude será sempre um tema instigante para os estudiosos do assunto e, principalmente, para os Clientes e atores dos sistemas vigentes.
Atualmente em Belo Horizonte, com o aquecimento da economia, temos assistido a inclusão de milhares de cidadãos e seus dependentes no sistema de saúde suplementar. Bom para as operadoras, bom para os prestadores de serviço... até que ponto?
Ultimamente, temos ouvido muito uma palavrainha que virou figurinha carimbada nas declarações de Missão e Visão de inúmeras organizações - Sustentável. Essa, hoje, é uma palavra da moda. Porém, quando vejo esse crescimento vigoroso na venda de planos de saúde gostaria que adotássemos uma outra palavra, fundamental a meu ver, que é Planejamento. Afinal, entendo que o Planejamento é a base para a Sustentabilidade. Digo isso, pois, não raro, tenho visto serviços de Pronto Socorro de Hospitais Acreditados em níveis dois e três, cujo tempo de espera para atendimento tem chegado há 5 horas... Alguém poderia me interpelar e dizer que menos de 30% ou de 40% dos casos atendidos em Pronto Socorro são, de fato urgência/emergência. Concordo, mas não sei se é esse o cerne da questão... Para minimizar o problema, alguns Hospitais têm expandido e melhorado a estrutura física, tecnológica, investido em treinamento, adotado o Protocolo de Manchester, profissionalizado a gestão e outros malabarismos na tentativa de assegurar a melhor assistência possível aos Clientes. De outro lado, vejo algumas operadoras investindo em Hospitais próprios, buscando, por sua vez também, melhorar o atendimento à população assistida. Mas, sei também que muitas operadoras cresceram muito e que a rede de prestadores não acompanhou essa expansão. O resultado, no curto prazo, pode até ser o aumento das receitas, da rentabilidade, do ebtida, da distribuição de sobras ao final do exercício e de outros indicadores de gestão que fazem muito bem aos olhos e aos bolsos dos acionistas, empreendedores, prestadores, cooperados e demais atores desse complexo cenário. Entretanto, fico pensando, enquanto Cliente, como é que os prestadores conseguem ou conseguirão manter os níveis de excelência e de resolutividade atestados pelas certificações dos processos de acreditação diante de tamanha pressão... Deixo essa provocação, pois tenho escutado de vários gestores de serviços de Pronto Socorro que a situação está insustentável e que o índice de insatisfação dos Clientes – pacientes, familiares, médicos e operadoras – vem aumentando diante da demora por um atendimento, pelo resultado de um exame e, sobretudo, para se conseguir um leito para internação. E aí, qual a justificativa a ser usada quando o gestor do setor fizer sua análise mensal de indicadores para apresentação à diretoria do serviço? Qual será a causa raiz a ser apontada por ele? A garantia da Qualidade, através de Programas de Certificação não deveria ser da responsabilidade de todos os atores, considerando que todos estão envolvidos no mesmo negócio e que os Clientes são os mesmos? Assim, porque não Acreditar, também, as Operadoras nos mesmos padrões de exigência preconizados pelos manuais pertinentes? Levando em consideração, obviamente, as peculiaridades dessas empresas.

Marcelo Augusto Nascimento é Administrador Hospitalar, Consultor de Organizações de Saúde, Professor nos cursos de graduação e pós em Administração Hospitalar, com vinte anos de atuação no segmento saúde.

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